A torcida ontem execrou o Cristovão Borges. Tem razão. Em partes.
O Vasco fez um primeiro tempo sensacional. Ofensivo sem ser desesperado, o
time da Colina foi quase perfeito na primeira etapa. Juninho e Felipe têm que
jogar juntos. O Vasco tem a sorte de possuir dois jogadores diferenciados no
meio do campo. Poucos times têm essa possibilidade. Diego Souza fez um gol
antológico. Na primeira etapa foi um show cruzmaltino.
Começou o segundo tempo, tudo ia bem. Até uma bola longa cruzar a área
cruzmaltina, Fagner não nada (pela segunda vez, quem lembra do terceiro gol do
Botafogo no clássico de domingo?) e o gol do Lanús. Logo depois, entrou Felipe
Bastos para a saída de seu xará. O estádio homenageou o treinador com aquele
canto característico: "Burro, Burro, Burro!”. Mas não ficou só
nisso.
O Vasco sentiu a saída de Felipe. Antes, tinha a bola no pé, dominava
o jogo. Controlava a partida. Com a saída do maestro, o time sentiu. Some a
isso as vagas da torcida: nervosismo em campo e o adversário cresceu. Quase
empatou.
O técnico tem culpa? Sim. Mas é o único? Não.
Os jogadores sentiram a pressão das arquibancadas. Não serei hipócrita de
escrever que "torcedor tem que sempre apoiar" porque isso não existe.
Futebol é sentimento, emoção, muito mais do que razão. Mas acredito que eles
poderiam ter "aliviado" a barra do Cristovão.
Torcida não perdoa, mas os jogadores tiveram uma atitude espetacular e
literalmente blindaram o treinador. Atitude rara que mostra a união do grupo,
algo difícil de encontrar nesses tempos em que jogadores derrubam treinadores a
esmo.
Parabéns aos jogadores do Vasco.
E um pouco mais de paciência para os torcedores. Afinal, o time ganhou, vai
com a vantagem do empate para a Argentina.